segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

RECORDAR UM FILME


A BELA DE DIA

Séverine (Catherine Deneuve) é a lindíssima mulher do doutor Pierre (Jean Sorel), uma burguesa de classe, que lida com a sua sexualidade reprimida (talvez resultado de traumáticas experiências na infância, talvez não) da forma mais original: torna-se numa prostituta de luxo no bordel da Madame Anais (Geneviève Page), depois de ter tomado conhecimento do mesmo através de Henri Husson (Michel Piccoli), o amigo do seu marido (com uma obsessão doentia por sexo) que a repulsa de tal forma que é ocasionalmente alvo das suas fantasias sexuais. Devido às exigências do seu horário de trabalho - das 14h às 17h - ela adopta o nome de Belle de Jour. Por outro lado, Husson surge como o contraponto perfeito de Séverine, como o homem sincero relativamente às suas fantasias, e perfeitamente descarado quanto às suas intenções e obsessões sexuais.
Não é de todo difícil de imaginar o escândalo que Belle De Jour provocou aquando da sua estreia em 1967. Luis Buñuel é completamente inclemente na forma como nos apresenta esta história, e ataca os impecáveis costumes burgueses. A primeira cena é o exemplo perfeito disso mesmo, quando descobrimos estar diante de uma fantasia de Séverine (estamos mesmo?), onde esta é chicoteada e abusada sexualmente a mando do marido. Hoje em dia, numa época em que os limites do cinema são mais largos, o poder escandaloso das imagens será menor, mas o seu desconforto permanece intacto, permitindo-nos talvez observar mais atentamente toda a acidez do humor de Buñuel em detrimento da mera exploração da sexualidade. E não é só dessa vertente sexual que vive Belle de Jour, sendo que o realizador espanhol não resiste em conjugar essa temática com a dimensão religiosa, que em boa verdade está intimamente ligada: há essa delirante cena em que Séverine é abordada por um homem para reencenar um velório, e tal cena é construída quase como uma forma de comparação com uma fantasia de um cliente do bordel.
Fontes: Infopédia e Wikipédia

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