quarta-feira, 14 de maio de 2014

RECORDANDO UM GRANDE DO FADO



José Nunes Alves da Costa nasceu no Porto na freguesia de Paranhos em 28 de Dezembro de 1916.
Ainda a viver no Porto com cerca de 5 anos aprende a dedilhar o Fado Menor numa guitarra que pertencia a um sapateiro seu vizinho. Com oito anos de idade vem para Lisboa estudar, tirando o Curso de Electrotecnia, que acaba tinha cerca de 16 anos. Começa a frequentar uma taberna à Rua dos Cavaleiros, que tinha à disposição de quem soubesse tocar uma guitarra e uma viola, à tarde o local era frequentado por gente do Fado onde os seus dotes a ninguém passou despercebido. Ainda como amador mas já não sendo um principiante José Nunes exibe-se no Café Ginásio, no Café Luso (Avenida da Liberdade), e ainda em tertúlias fadistas.
É em 1936 com vinte anos de idade que se estreia como profissional no Café Mondego (mais tarde Retiro dos Marialvas), acompanhado por um dos mais conceituados tocadores de viola de Fado da época, Alfredo Mendes.
Em 1945 com a reabertura do Solar da Alegria, sob a direcção artística de Júlio Proença, é contratado, ali levam a efeito as noites de “Fado Antigo” era nessa altura cabeça de cartaz Fernanda Peres “ a voz nostálgica do Fado”, José Nunes à frente de um conjunto de guitarras e violas dos quais fazem parte Casimiro Ramos, Alfredo Mendes e Pais da Silva, onde cada vez ganha mais admiradores, há quem o compare ao Grande Armandinho .
Mais tarde actua no Café Luso (Travessa da Queimada), onde se mantém sete anos, rescinde o contrato porque decide tirar partido do seu curso e talvez uma maior estabilidade profissional, e ingressa na Companhias Reunidas de Gás e Electricidade, onde chega a exercer o cargo de Chefe Ajunto da rede geral de gás, conseguindo no entanto conciliar esta actividade com a de músico.
Tocou em directo como era costume na época em várias rádios, mas foi na Emissora Nacional que mantém às sextas-feiras durante cerca de trinta anos um programa que foi decerto inspiração para muitos futuros guitarristas.
Em 1956 é o primeiro guitarrista a actuar na Radiotelevisão.
José Nunes tocou praticamente para todos os fadistas e gravou com muitos deles, permitam-me que realce,  eu próprio tive a honra de gravar um EP para a Valentim de Carvalho, e um dos temas desse disco era precisamente o poema que Artur Ribeiro fez para mim, e uma pessoa que tal como se diz do meu avô tinha (um certo mau feitio), só me posso recordar que foi de uma simpatia e de uma colaboração, aliadas a alguns conselhos que nunca poderei esquecer. Foi guitarrista de Amália em Portugal e no Estrangeiro, mas acaba por dar lugar a outro, pois tem a fobia de andar de avião.
È autor de vários fados e variações, saiu à cerca de dois anos um "CD - O Melhor de José Nunes" com as suas variações que é uma tal virtuosidade, ouvi-lo causa arrepios de prazer fadista.
A sua guitarra cala-se em 23 de Janeiro de 1979, no seu cortejo fúnebre a grande maioria dos músicos e gente do Fado, prestam-lhe a sua sentida homenagem.

Fonte: Lisboa no Guiness

GRANDES PARES DO CINEMA